25/11/09

Até dançaria contigo
Se me pedisses
E não apenas
Em silêncio profundo o desejasses

Até te ensinaria a deixar o medo
De ser diferente
De acreditar na liberdade
De viver

Até te faria deixar de não acreditar
Que não caiba na tua vida
No mundo que te deram
Limitando teus passos

Até te libertaria
Do teu cativeiro
Se me dissesses que o querias
Nem se fosse por um olhar

    by Isabel Medina

20/11/09

Poemas de Amigos - Alan Aguilar Murrieta

Canto en el Espejo

Nada
¿por qué oír tu voz si la oculta el silencio?

¿por qué andar con pies descalzos si has atado

el suelo a la distancia?

Para qué decir “te quiero” en alta voz

para qué morir cuando tus manos se han quedado ciegas

atando remolinos de deseo

Para qué callar

si callar es guardar el más íntimo de los secretos

ese que tu yo explorábamos por dentro,

si por tus besos de locura

yo exploraba tu piel, miel de tu sexo,

y si por tus ojos

me vi pendiente de tu voz

cantándome de lejos...

Ahora, calla la aurora

y en su reflejo

ya no hay más

corazones disecados

perdiéndose de luz a la distancia

Ahora, queda sólo la bella noche

imaginando un canto de recuerdo

llamándome con su dulce voz

al canto en el espejo.

Por Alan Aguilar Murrieta (México)
Imagem de Angélica "A Winter Tale"


Poemas de Amigos - Vera Diogo

Sede


Dá -me água.
Não tenho sede.
É só mais uma daquelas noites em que não consigo estar acordada.
Mas agora não estou a dormir.

E tu?
Já dormiste tudo?
Já dormiste sobre todas as tuas frustrações??
Se calhar sou eu que trago demasiadas chagas ou tenho uma peculiar capacidade para me aperceber delas…
Se calhar, sou eu.

Porque digo isto?
Porque haveria de dizer outra coisa?
Que outra coisa?
Alguma coisa que fosse menos subjectiva…alguma ideia que não fosse obscura?
É muito tarde para isso. E é muito tarde para pensar que poderia ter sido de outra forma.
Mas afinal, o que é que aconteceu?

Quantas pessoas estão dentro do eu?
Quantas vozes terei de ouvir sussurrar no meu íntimo e quantas canções hão-de cantar nos meus sonhos…até que possa finalmente ouvir a tua voz.
Tu, alguém que não está aqui. Alguém que não posso encarnar. Vida, não personagem.

Tenho sede!
Não há água.
Que horas são?
Horas de dormir?
Horas de ir embora… qualquer hora é sempre uma boa hora para começar a viagem.
Viagem para onde?
Viagem!

Quantas palavras se repetirão eternamente na minha mente, quantas ideias serão potenciadas até ao mais sublime da sua essência? Até que, finalmente, algo se torne realidade?
Mas tu não queres uma realidade qualquer.
A realidade é uma pedra.
Tu queres um cristal luminoso!

Com quem continuas a falar?
Com alguém que continua a responder.
A perguntar!
Deste lado não há respostas
Do outro lado do mundo haverá mais?
Ou apenas mais perguntas?

Cedo acabarás por descobrir que as perguntas são as mesmas
Tal como as respostas… escasseiam por toda a parte
Cada um terá as suas, supõe-se.
E quem está lá para as verificar? E quem seria qualificado para isso? Ninguém as pode viver.
Ninguém.
Não há mais ninguém aqui….
Não existe criatura que possa entrar aqui, tão próximo… tão longe do que me prende ao chão.

Ainda tenho sede.
Mas não há nenhum líquido no mundo capaz de a saciar…

Já dormiste tudo??
Que mundo é esse em que vives e dormes, e onde não sei se sabes que existes?

Eu acordei as palavras para me embalarem nesta noite de silêncios e ruídos, como todas as noites… mas numa noite, como muitas, em que o meu ser se ouve mais alto. E, tantas vezes, não sei como o escutar! Não sei que língua fala ou por onde se move.
Está aí… sei que está aí, aqui… onde quer que eu esteja. E respira.
Não sei ao certo por quantas vidas respira…
Há-de respirar pela paz que me adormecerá o espírito… há-de respirar pelo desejo que me atordoa… há-de respirar pela esperança, pelo sonho, pelo drama, pela dor…pelo amor que deveria resumir tudo…

Mas hoje não está uno.
Sinto-me múltipla e contraditória, provavelmente capaz de saltar barreiras…


Não tens sede?

Por Vera Diogo (Porto - Portugal)
Imagem de Alexey Kekin

16/11/09

Silêncio

Voltei
      
Ao

Meu vazio de palavras

Silêncios aflitos

Voltei

Aos

Meus espaços de nulidade

Onde nada dói

Mas fica

Remói

Voltei

Ao

Meu ausente

Minhas derrotas sem luta

Minha vergonha de não ser

Nada fazer

Passos inseguros

De costas para a vida

Mata-me tristeza

Mata-me de uma vez

Vazio

No sense

No sensation

by Isabel Medina