09/09/11

Os 30 na Cidade - Com ou Sem Bouquet

Sonia Manson "Beyond The Bouquet" in photo.net


















Chegar aos 30 é, para mim, mulher, motivo de imenso orgulho por vários motivos. Resume-se a isto – estou onde quero, como quero e continuo a ter  tantas e tantas possibilidades de escolha à minha frente. Estar aqui hoje como estou é a prova de que as escolhas que fiz ao longo dos anos e que tudo o que vivi valeu a pena, mesmo havendo momentos em tenha sofrido ou seguido caminhos “menos certos”.
Chegar aos 30 na cidade marca também a inevitabilidade do “tic tac tic tac tic tac”. É como se houvesse um limite a partir do qual começa o “countdown” para a mulher, assinalando o término de sua “data de validade”. Os 30. Lê-se no relógio – casamento e filhos. Ainda mais implacável fica a cidade se teus amigos ou familiares (se forem mais jovens que teus 30, pior ainda ) “adiantam-se”. A pergunta oficial e constante da cidade para ti, mulher de 30, que acaba por surgir em algum momento em todas as conversas, por mais distantes que estejam do tema, passa a ser “e tu, para quando (filhos, marido)?”.
Se incomoda? Sim, é irritante. Mas é como o telefone que não se quer atender, que insiste em tocar e que se aprende a ignorar. Se me importo com esta implacabilidade da cidade? Honesta e definitivamente,  não! Desde pequena dizia a todos que quisessem ouvir que não iria casar. A resposta de praxe – “as que dizem assim são as primeiras a subirem ao altar”. Se tenho algum trauma? Não! Pelo contrário, cresci com um bom exemplo. Os meus pais estão casados  há quase 31 anos e a pior crise que tiveram, pelo menos que me dei conta,  e que resultou numa separação, foi há muito pouco tempo – logo, eu em idade adulta e madura o suficiente para não ficar com marcas ou amarguras. E, no final, tudo acabou bem - reconciliaram-se.
Quando digo não ao casamento, não me declaro contra a instituição, contra quem toma a decisão. Sou das que se sente genuinamente feliz quando os amigos dizem que se vão casar - desde que seja por amor (lembrei-me agora de um amigo que decidiu casar apenas por pressão e a quem eu tentei fazer com que mudasse de ideia), que se emociona com a cerimónia, que  não se importa de ficar no grupo de solteiras que vai tentar a sua sorte com o bouquet… e tudo que possam considerar lamechas.
Não, não sou hipócrita, no sentido de dizer que até está bem para os outros mas não quero para mim. Apenas respeito a opção de cada um, apoio quando são meus amigos, faço parte da festa intensamente e sinto-me feliz quando vejo outros verdadeiramente felizes. Porque sou incrivelmente romântica. Sempre me assumi assim.
E pego daqui para explicar o porquê desta ideia de casamento não ser algo que tenha sonhado para mim.  O meu sonho, desde sempre, a minha procura, é do amor. Basta-me encontrá-lo para sentir-me realizada emocionalmente. E acontecendo isto, casar, para mim, será o sinónimo de vivermos juntos e construirmos um lar. Oficializar através da assinatura – talvez, mas é algo que não está na minha lista de “tantas e tantas possibilidades de escolha à minha frente”. Penso sim em encontrar aquele que será meu companheiro, amante e amigo. Em construir um lar, ter e realizar projectos juntos, ter filhos, e viver - no sentido lato da palavra.
Uma amiga minha muito querida que se casou há pouco tempo e que partilhava da opinião de que viver juntos é o mesmo que estar casados, disse-me alguns dias atrás que agora acha que não é bem assim, que não é a mesma coisa viver junto e estar casado. Ela diz que quando se vai viver junto, a pessoa sente-se mais livre, no sentido de poder sair e abandonar a relação a qualquer instante e que quando se casa é o contrário. Ela diz que é uma questão muito psicológica. Por saber que não posso viver tudo e ter todas as experiências, tento sempre ouvir com humildade as dos outros e reflectir sobre elas. E pensei: “será que a minha recusa em casar está relacionada com esta ideia de liberdade?” Algo de que sempre me orgulhei, pelo qual sempre lutei e do qual não abro mão? E a resposta é “não”.  Para mim, a partir do momento em que decidir viver junto com alguém, será o mesmo que estar casada. Será assumir um compromisso no meu coração e este não se desfaz de um momento para o outro. Mais fácil se desfaz, para mim, um compromisso assumido num papel. Aqueles que assumo eu inteira – cabeça, coração e alma, são aqueles nos quais permaneço, pelos quais luto. Jamais assumiria tal compromisso se não me sentisse livre com a pessoa, na relação.
E agora percebo porque não o fiz na minha última relação - a mais longa e séria até então. Porque não me sentia livre, e por tal deixei de amar. Ou seja, para mim, amar implica necessariamente liberdade. Estar a partilhar este amor ao viver junto é também um compromisso com a  liberdade minha, do outro, com a nossa enquanto casal. Se casar implica compromisso para futuro, de construir e partilhar uma vida, emoções, uma obra, projectos, finanças, preocupações e alegrias, de apoiar e caminhar juntos sem que cada um perca a sua individualidade, qual a diferença de fazer isto com ou sem papel assinado? Por isso que se f#$%&#$# a cidade e sua implacabilidade com a mulher a partir dos 30. Quero mais é VIVER.
Estando eu “casada” (a viver juntos)  e decidíssemos “assinar”? Nada mudaria. Correcção - teria efeito nos impostos :)
E como seria minha cerimónia? Sim, claro que já pensei nisto. Principalmente quando vou às dos outros. Acaba por ser inevitável na cidade, uma mulher dos 30, não pensar nisso.
1) O tema seria «o casamento é dos noivos, e não dos pais dos noivos»
2) Short List, definitivamente. Nada de multidão. Quero estar é com pessoas de quem gosto. Claro que os pais têm direito a convidados – aqueles que são grandes amigos, e que, como tal, fazem parte de minha vida. São pessoas de quem eu gosto.
 3) A beleza está na simplicidade – no show off, sem esbanjamento. Roupas simples. Conforto.
4) Divertir, Dançar, Comer, Beber – é meu dia!!!!!!
5) Luxo total apenas no 2 em 1 lua-de-mel/férias

Vânia Isabel Medina

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