Escrevo sobre o que sinto.
Na maior parte das vezes do que nunca falo.
Escrevo para relembrar, para me
encontrar – a criança em mim, a mulher de quem tantas vezes me esqueço, onde estou,
para onde vou, onde quero chegar, as coisas em que acredito, a minha voz.
Escrevo para procurar. O que não
encontro nas pessoas, as respostas que a vida não me dá, a minha paz.
Escrevo para ultrapassar. Aquelas
derrotas do coração. Quando sou cruel para mim mesma. Quando deixo que o outro
seja capaz de magoar-me.
Talvez por isso não tenha mágoas,
arrependimentos. Talvez por isso ainda seja capaz de sorrir depois de tanto
sofrer, depois de todas as minhas mortes. Talvez por isso seja capaz de ainda
olhar para ti, de dar-te a mão se estiveres magoado e dizer-te coisas bonitas
se precisares ouvir, de te escutar falar de teus amores e perceber que não faço
parte deles. Talvez por isso seja capaz de ainda ser tua amiga, sem agenda, sem
segundas intenções. Talvez por isso consiga perdoar tão facilmente e as pessoas
não percebem porquê. Porque tenho este lugar de cura. Onde renasço. Onde decido
ser esta pessoa imperfeita mas boa…Não, não sou pretensiosa mas sei que há o
belo, o generoso, o inocente e puro em mim - embora poucas vezes seja capaz de
o reconhecer... Muitas vezes o procuro neste lugar. Para me relembrar do meu
valor.
É estranho que poucas vezes
escreva para celebrar. Mas tento cantar também minhas alegrias através das palavras. Aquela
felicidade que eu vivi, a que eu sonho viver. Sim, na escrita também sonho. Talvez
nunca viva meus sonhos mas são eles que me mantêm sempre viva. É a esperança
que também pincela a minha escrita.
Poucos sabem que tenho este meu
lugar. Poucos deixo entrar. Ainda assim não pensem que me conhecem…Ainda assim
tenho esta parte que é só minha e que só eu entro. Ainda assim tenho este lado
inexplorado, onde nem eu entro. Sou muito mais do que isso. Sou este mistério
mesmo para mim.
by Vânia Isabel Medina
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