04/10/12

My Double Infinity


Corto o cabelo. Visto-me de negro. Regresso aos meus piercings. Faço mais uma tatuagem. Abraço o desconhecido. Não tenho medo do duplo infinito. Sinto demais. Sempre. Tudo. Todos. Tudo é a mais em mim. Preciso mudar todos os dias. Nesta procura de mim. Perco (-me). Volto a reencontrar(-me). Às vezes sinto-me cansada. Mal-amada. A felicidade apenas ronda-me. Senta e bebe uns copos comigo. Vê-me a fumar um cigarro. Pousa numa fotografia junto a mim a sorrir e olhar para a Lua. Meu duplo infinito. Mas depois levanta-se e vai calada. Queria que a lua descesse e viesse fazer uma fotografia comigo. Hoje meia, amanhã cheia. Talvez assim ela ficasse. A tal felcidade. Procuro (-te). Não (te) encontro. Apaixono (-me). Não (me) corresponde. Saber de mim, que sou, o lado da cama a que pertenço. O meio não é mais meu jeito. Meu lado da moeda. Meu outro lado. Meu outro. Destruo-me. Mato-me. Literalmente. Resuscitam-me. Literalmente. Porque ninguém respeita minhas vontades? E mato (-me). E matam (-me). Faço um novo projeto. Será o (meu) problema o alicerce?Olho para mim ali à frente e viro as costas. Quero olhar, sim. Espreitar. Mas não saber tudo. Não ver tudo. Antevisão não toda a visão. Quero surpresas. Tenho mais para dar. Para ir. Para ver. Para destruir. Sentir. Construir. Sozinha. Junto. Amar. Doar. Dor. Receber. Dar. Partir. Ir. Não quero mais ficar. Estar. Preciso desta mudança. Hoje quero Londres. Se mudo (-me) agora, mudo (-me) ali à frente. Meu lugar é meu passaporte. Um novo carimbo. Tenho asas. Sou tão Yin. Sou tão Yang. I embrace both. Karma não me assusta. Eu é que o faço. Meu duplo infinito.  London I’m coming. Sintam saudades. Talvez aceite visitas. Não quero resgate. Não vou voltar. Não me vá buscar. Nem tu, nem ele, nem ela. Nem vocês - juntos ou separados. Só eu sei o (meu) caminho. Meu duplo infinito.
by Vânia Isabel Medina
Nota: "Double infinity significa a evolução quando observada de dois lados: o fisico e o espiritual. Um dos anéis de lemniscata é a jornada do nascimento à morte, o outro da morte ao novo nascimento. O ponto central é considerado o portal entre os dois mundos. Essa figura aparece em antigos desenhos celtas e no caduceu (cetro) de Hermes, o deus grego da comunicação (que leva as mensagens dos mortais para os deuses). Na antroposofia (filosofia espiritual sistematizada pelo austriáco Rudolf Steiner no século 19), a lemniscata ocupa um papel central porque representa o equilíbrio dinâmico, perfeito e rítmico do corpo."

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